segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A verdade que eu me esqueci de contar



Desde pequenos, crescemos com as pessoas à nossa volta dizendo que temos que somente falar a verdade, que querem a verdade sobre isso, sobre aquilo, mas esqueceram de também de nos contar e ensinar que nem sempre é a verdade que precisa ser dita, pelo menos não em determinadas horas, que existe sempre um momento e lugar oportuno para tal. Acredito que esqueceram também de avisar que ela dói em você ou quem esta ouvindo, que às vezes ela é perigosa e pode trazer muitos conflitos necessários ou não.
Uma coisa muito engraçada é que mesmo tentando incutir isso na criança, nos adultos acabamos fazendo um efeito meio que contrário. Quanto mais se pressiona a fazer isso, mais medo envolve essa relação e a verdade mesmo vira historia, é muita pressão psicológica de maneira errada. E eu estou longe de saber a maneira certa como lidar com isso, ainda mais com crianças, mas de uma coisa eu tenho certeza, esse é o lado errado.
Já quando chega a adolescência, aquela famosa fase de uma terrível rebeldia, não existe mais limites de verdades. Ele, o adolescente, faz o que quer, na hora que quiser e como bem entender, pelo menos assim ele pensa. E verdade, mesmo que seja somente para ele já basta, e que pouco importa quem esta ao redor. Claro que estou falando de uma maneira extremista, mas para nos levar a pensar que isso realmente existe e está mais perto do imaginamos.
E quando ‘chegamos’ a idade adulta tudo o que vivemos na infância e na adolescência se misturam. As verdades ficam muito relativas, e situação-dependente. Na verdade, acredito que de todas as fases, a adulta é a mais difícil de lidar, porque revelar e trabalhar com verdades, envolve muito mais do apenas “a verdade”. Envolve toda uma sociedade e o comportamento dela frente a essa situação, envolve o seu eu interior e o que as pessoas vão pensar disso, envolve o seu próprio bem-estar e o de outrem. Os jovens adultos nos dias de hoje se descabelam, estressam, e se preocupam excessivamente com tudo, talvez porque também esteja adquirindo a sua própria independência, mas é fato isso ocorre.
Existe também o aspecto do receptor da ‘verdade’. Há quem queira saber, mas há quem não quer nem ouvir falar sobre, e há também quem não esteja preparado para tal. Cabe então a quem for o disseminador da verdade, ter este senso e temperamento para saber, e ter tato para isso, o momento certo de tudo acontecer.
P.s.: Nem toda verdade é para ser dita, e nem para ser ouvida.

4 comentários:

  1. ...MUITA verdade aparece entre as entrelinhas, pode ter certeza!

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  2. Menos pior que, dentre as linhas é terra de nínguem.

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  3. Analisar a verdade é desnecessário observado que, para defendê-la ou opô-la, será preciso outra verdade. Sendo que, essas foram construídas pelos laços sociais, como já dito. Daí, acho que os pais não expões verdades, apenas mostram consensos de sua própria cultura, nada que interfira consideravelmente no filho, já que esse, em geral, conviverá no mesmo meio paterno.
    No mais, ótima observação.

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  4. Acredito que não seria oposições de verdades, mas imposições de verdades, sendo que isso é de curso inexorável. O meio modifica, sem dúvida, o ser, mas cabe a ele consciente ou inconscientemente aceitar, rejeitar e/ou modificar essa "verdade". Ootima observação...

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